Passei o último final de semana na companhia de criaturas maravilhosas, levado por um cidadão até então desconhecido para mim: William P. Young. Logo no primeiro momento, identifiquei naquele canadense um homem confiável, culto, inteligente e comunicativo, capaz de proporcionar-me uma aventura rica e inolvidável. Não vacilei, então, em aceitar o seu convite e, como num passe de mágica, lá estava eu, guiado por ele, às margens do Lago Wallowa, em Oregon, Estados Unidos.
Foi ali, naquele lugar sereno, que William me apresentou Mackenzie Allen Phillips a quem passei a chamar de Mack como ele gostava de ser tratado pela família e pelos amigos. Logo fiquei sabendo que Mack estava vivendo um momento muito doloroso causado pela Grande Tristeza como ele mesmo se referia à tragédia que ceifou a filha mais nova Melissa, a sua querida Missy, raptada e morta por um delinquente, meses antes, justamente naquele mesmo local.
William explicou-me, então, que Mack recebera um enigmático, mas atencioso convite, na sua caixa de correspondências, assinado por “Papai” (Quem seria “Papai”?) e que o estaria aguardando para conversar sobre a irreparável perda e ajudá-lo a enfrentar a desolação e aplacar a sede de vingança.
O encontro aconteceu numa pequena moradia campestre, palco do assassinato, que, a princípio, parecia abandonada. Surpresa! Quem veio receber Mack, na porta de entrada, foi uma negra enorme que se identificou como Elousia, mas que logo fez questão de dizer: “Pode me chamar de Papai!”. Isso mesmo: “Papai” era uma mulher. E mais ainda: “Papai” era Deus! Em sua companhia, encontrava-se Jesus (que era Jesus mesmo) e uma jovem mulher, Sarayu, o Espírito Santo.
Foi uma longa conversa de três dias e onde eu permaneci como um mero e atento espectador. Por várias vezes, fiquei em estado de tensão quando Mack, corajosamente, contestava as idéias de seus comedidos e tranquilos interlocutores. Recordo de sua contundência com Deus: “Se sois tão bom, por que não fazeis nada para amenizar o nosso sofrimento diante das nossas perdas e das nossas frustrações?”. Também, emocionei-me com o seu soluçar ao ser convencido por aquele trio divino de que “jamais desconsidere a maravilha de suas lágrimas. Algumas vezes, elas são as melhores palavras que o coração pode falar.”
Fiquei radiante ao ver Mack sair daquele encontro impregnado de paz e amor no coração, após ele se conscientizar que Missy está feliz na Casa do Pai e de ouvir e aceitar que “o perdão existe em primeiro lugar para aquele que perdoa, para liberá-lo de algo que vai destruí-lo, que vai acabar com sua alegria e capacidade de amar integral e abertamente”. O pai desolado e revoltado deu lugar a um homem de fé, “fé que não cresce na casa da incerteza” e que pode ser conquistada por qualquer um de nós, desde que estejamos preparados para uma conversa franca com Deus.
No livro de minha autoria Comunique-se Primeiro com Você, no capítulo que abordo a questão da Autonomia (sentir-se livre para viver), destaco que “uma boa leitura é o alimento da alma, capaz de fazer o leitor viajar por lugares aprazíveis, conhecer pessoas agradáveis e viver situações inesquecíveis.”
Foi isso que ocorreu comigo, no último final de semana, ao ler A Cabana, de William P. Young (Editora Sextante), hoje, já não mais um estranho para mim e que espero reencontrá-lo para novas e eletrizantes aventuras.
Vovô,
Li ‘ A Cabana ‘ e até hoje procurei palavras para falar do livro, encontrei aqui. Incrível, mas nesse seu blog tem de tudo mesmo! Não deixe de escrever não, vovô. Beijos.