Papai, desculpe-me!

– Papai, me desculpe. Quantas vezes, ainda criança, eu chorei por causa de sua ausência enquanto você, sempre em mais de um emprego, buscava meios para nos oferecer uma vida melhor. Lembro que, ainda nascendo o dia, eu procurava você, mas a sua voz já estava no rádio, madrugando ao microfone, acordando, carinhosamente, a sua cidade amada.
– Papai, me desculpe. Quando gazeei aquelas aulas, para mim enfadonhas, trocando-as pelos meus primeiros ensaios musicais, longe estava eu de saber do seu esforço em manter-me freqüentando um bom colégio. Também, quem me mandou ser filho de um pai artista?
– Papai, me desculpe. Eu tirei seu sono, aprontei bastante… E, às vezes perto, às vezes longe, lá estava você sempre preocupado comigo, com as minhas companhias, com o meu futuro. Hoje, estou distante, mas você está aqui, dentro do meu coração. Aliás, repito sempre uma frase que está no seu livro: “Os verdadeiros amigos, mesmo longe, não se separam nunca”.
– Papai, me desculpe. Só o tempo irá ensinar-me quão absurdo e intempestivo aquele meu tratamento com você. Um dia eu serei pai…
– Papai, me desculpe. Eu andava sempre correndo e quase não conversávamos. Agora, quando passei a encontrar tempo para sentar-me ao seu lado, fiquei conhecendo melhor esse professor de várias gerações.
– Meus filhos, isso tudo é verdade, mas não têm que pedir desculpas, não. E sabem por que? Porque tem que se ver o lado bom da vida. Foram vocês que me fizeram sorrir tantas vezes com as suas diabruras de criança. Foram vocês que me tornaram um feliz contador de histórias, muitas delas inventadas por mim mesmo, quando buscávamos, juntos, o seu sono de menino. São vocês que, igualitariamente (lembram do princípio físico dos vasos comunicantes de que tanto falei?), cada um a seu modo, me enchem de orgulho pelas suas conquistas de adulto. Enfim, são vocês, que me fizeram descobrir que o lado bom da vida pode recomeçar várias vezes, pois, para o pai consciente, cada filho é uma nova oportunidade. Obrigado, meu filhos!

2 comentários em “Papai, desculpe-me!”

  1. HOJE ASSISTI A HOMENAGEM QUE A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA PRESTOU AO SENHOR E ME CHAMOU A ATENÇÃO NO INICIO DO DISCURSO O RELATO QUE AINDA MENINO NO BAIRRO KM 8 HOJE COUTO FERNANDES FAZIA A PRIMEIRA LOCUÇÃO NA RADIADORA QUE ALI EXISTIA E PROCUREI SABER JUNTO AO MEU PAI QUEM ERA. DISSE QUE ERA A RADIADORA DO “DIQUIM” E FUNCIONAVA ONDE HOJE É A CASA DO SR. BRAGA (JA FALECIDO,ERA FUNCIONARIO DA RFFSA).FIQUEI MUITO ORGULHOSO DE VER O NOME KM 8 SER DITO PELO SENHOR EM UM LOCAL TÃO IMPORTANTE E SENDO VISTO EM TODO CEARA,MEU PAI TEM 71 ANOS E MOROU A VIDA TODA NA RUA TELES DE SOUZA,HOJE O MORADOR MAIS ANTIGO É O SR. VALDIMIRO APONSENTADO DA RFFSA E QUE TEM 95 ANOS.GOSTARI QUE O SENHOR FIZESSE UMA CRONICA CONTANDO TUDO QUE SABE SOBRE O BAIRRO E O PERIODO EM QUE MOROU. UM ABRAÇO.

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