Chico Anísio – Por José Luís Carvalho dos Santos

Este 23 de março de 2012, sexta-feira, vai ficar marcado como uma data singular no calendário brasileiro.

Precisamente às 14h20min, como noticiaram todos os meios de comunicação do país, no Rio de Janeiro, um cearense da cidadezinha de Maranguape fazia irradiar da cidade maravilhosa uma comoção nacional misturada a lágrimas e risos.

Chico Anísio, o humorista ímpar da televisão brasileira deixava o corpo para se tornar imortal. Um corpo que serviu a muitos personagens, produtos de uma mente fértil, que faziam esquecer o seu criador – o próprio Chico.

Lembremos, porém, que Chico Anísio não era só humorista. Humorista, escritor, cantor, compositor, poeta, ator, pintor, produtor, radialista, comentarista, diretor são, na verdade, faces do mesmo Chico multimídia, como se os meios de comunicação tivessem sido inventados especialmente para ele.

Ah, ia esquecendo: nosso homem foi também um grande fazedor de filhos a quem distribuiu um naco de sua inteligência através de seus múltiplos casamentos. Nada mal para quem era múltiplo por natureza.

Nunca tive um contato pessoal com o Chico. Tudo que sei dele foi a mídia quem me informou. Entretanto, na década de 60, morando em Fortaleza, através do videotape assisti a atuações memoráveis desse artista maravilhoso.

No seu programa, havia um quadro em que ele criou um personagem, meu xará, onde ao final da cena o personagem dele, cujo nome eu não me lembro, dizia sempre a frase:

– Zé Luís, pra fora!

Eu era muito jovem, devia ter uns quinze anos na época. Mas essa frase andou me atormentando por todo o tempo em que o programa foi ao ar em Fortaleza. Bastava eu dizer que me chamava Zé Luís para alguém me olhar com um sorriso matreiro nos lábios, ameaçando dizer a frase tantas vezes repetida pelo público fã do Chico.

Triste mas compreendendo os caprichos da Natureza e os desígnios de Deus, escrevo esta crônica para registrar esse acontecimento tão comum a um homem de oitenta anos, se não fora dessa vez o Chico, o homem a deixar o nosso convívio terráqueo.

Interessante é essa sensação paradoxal de que o Chico se foi mas ficou.

Ficou nos seus personagens imortais, tais como seu Pantaleão, Salomé, Azambuja, o craque Coalhada, o professor Raimundo e outros, e nesses inúmeros seguidores por este Brasil afora e, de modo especial, de Fortaleza, seguidores estes que fazem da capital cearense a Terra do Humor.

Que Deus o tenha para que ele também alegre o Céu como alegrou a Terra e o nosso Brasil!

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