A Ida do Boêmio

Hoje, leitor, SOMOS IGUAIS: Se não SORRIS DA MINHA DOR, CHORE COMIGO o MEU DILEMA e CAMINHEMOS no SILÊNCIO DA SERESTA.
A FLOR DO MEU BAIRRO, esquecida pela MARIPOSA, é uma prova que AS ROSAS NÃO FALAM…
Calam-se, também, os TRÊS APITOS da fábrica de tecidos.
NAQUELA MESA, sem ÊXTASE, há uma CADEIRA VAZIA.
E não NEGUE: A VOLTA DO BOÊMIO, agora, é FOLHA MORTA.
É…, na roleta da vida, deu o VERMELHO 27.
E QUEM HÁ DE DIZER: HOJE QUEM PAGA SOU EU?
E lá estão MARINA, DORA, MARIA LUÍZA., MARIA BETHÂNIA e DOLORES SIERRA, ao lado da MOÇA NORMALISTA, e até da NEGA MANHOSA, uma ESCULTURA do Criador, que ainda sonha em ser uma DEUSA DO ASFALTO: A DEUSA DO MARACANÃ ou (quem sabe!), a DEUSA DA MINHA RUA.
O que importa é que seja uma MULHER, AQUELA MULHER a quem Nelson fazia um APELO em SEGREDO:
– EU SEI QUE VOU TE AMAR porque MEU VÍCIO É VOCÊ. E SÓ NÓS DOIS é que sabemos, pois NEM ÀS PAREDES CONFESSO o ÚLTIMO DESEJO de meus CABELOS BRANCOS: FICA COMIGO ESTA NOITE, veste a CAMISOLA DO DIA que DOS MEUS BRAÇOS TU NÃO SAIRÁS. E, assim, sempre PENSANDO EM TI, esta será A NOITE DO MEU BEM.
Velho Nelson, agora só há um jeito: DEIXE QUE ELA SE VÁ e que esqueça as MÁGOAS DE UM CABOCLO. Isso, sem REVOLTA, sem QUEIXAS, pois a RENÚNCIA é o ARGUMENTO de Deus.
Enfim, a sua VIAGEM levou você ao seu DESTINO: UM CHÃO DE ESTRELAS.
Nelson, e COMO VAI VOCÊ a esta hora, sendo recebido por CARLOS GARDEL, estendendo as SUAS MÃOS, OLHOS NOS OLHOS? Relembra com ele a HISTÓRIA DA LAPA.
E você que nunca foi FANTOCHE e nem de JURAMENTO FALSO, chegou a hora de entoar aquela canção da ÚLTIMA SERESTA:
“QUANDO EU ME CHAMAR SAUDADE…”